Ela estava sentada no canto da parede direito, bem pertinho da cama, onde ele estava sentado, virado para ela, ambos tinha o olhar vagante e perdido, porém olhavam muito mais para baixo, ela, principalmente. Era um quarto de paredes vermelhas e pretas, um motel à beira de uma estrada qualquer, que eles resolveram parar para descansar e seguir viajem um dia depois. Ela olhava para as mãos, brincava com um colar de cristal nelas, e sua expressão era triste e ao mesmo tempo infantiu, ele olhava para o que ela estava fazendo de cabeça baixa, algumas vezes tentou olhar outra coisa, como a tv em estática, ou a pouca luz que entrava atravez das cortinas mal fechadas, mas gostava de vê-la brincar com aquele colar, assim, olhava muito para ela de soslaio, ela olhava muito rapidamente para ele como se quisesse apenas saber o que ele está fazendo, o colar parecia interessa-la mais e ficava mais tempo olhando para ele, um bom tempo eles permaneceram assim,quase duas horas de olhares rapidos ou de soslaio até um começar a falar:
- O que esse colar tem? - Ela finalmente levantou a cabeça e olhou para ele com as sombrancelhas altas e respondeu:
- Não faço a menor ideia, parece que ele está me chamando. - Terminou de falar se voltando ao colar e continuou a brincar com ele, porém, essa resposta não foi das mais agradáveis à ele, que continuou:
- Por que não senta na cama, pelo menos? - Dessa vez ela não olhou.
- Eu gostei desse canto...
- Por que? - Ele se aborrecia leve e aparentemente, mas ela não se importava muito.
- Não sei também, eu me sinto muito confortavel aqui, o carpete é limpo e as cores das paredes me agradam, e dizem que em cantos de paredes se concentra mais energias. - Ele levemente se surpriendeu e olhou com atenção a janela, uma forma de tentar ignorá-la, ela levantou um pouco a cabeça de lado e ficou olhando essa reação dele ainda brincando com o colar. Não permaneceu muito mais tempo assim, levantou-se e deitou-se na cama com ele, acomodando-se nos braços dele, que a abraçaram calorosamente, e seus olhos a acompanharam com uma atenção que a deixou um tanto sem saber o que falar, mas falou:
- Seu abraço é melhor que aquele canto, apezar de ser confortável. - Em parte foi para agradá-lo, em outra foi pura sinceridade liberada por acaso, o que o fez dar um sorriso suave e beijou a cabeça dela, encostando seu rosto a ela, e logo ela proceguiu:
- Vamos parar na proxima cidade também? - Ele ficou pensativo sem mudar a expressão e logo respondeu:
- Creio que sim, nem sei ao certo onde estamos.
- Que bom, gosto de estar perdida, principalmente com você. - Ele deu um sorriso mais marcante e segurou o queixo dela, puxando seu rosto para dar-lhe um beijo suave e acolhedor, e ficaram se olhando. O olhar dele era muito firme, o que deixava algo dentro dela mole, mas ela segurava, e o olhar dela era bem doce, não melado mas doce, e um tanto defencivo, porém era natural, não fazia para derrete-lo ou seduzir seu coração, era bem sincero, mas o fazia sentir seu coração amarrado por aquele doce par de olhos castanhos. Ele a puxou para outro abraço e com a mão ainda segurando seu queixo, puxou seu rosto onde beijou sua bochecha ternamente dando uma sorrateira lambida que a fez olhar de soslaio e levantar as sombrancelhas, o olhar dele havia se tornado um tanto malicioso e falou:
- Até sua pele é doce... - A fez soltar um breve riso, e ela rapidamente respondeu:
- De doce, você tem poucas coisas, mas eu gosto de você. - Ele desviou o olhar dela com um pouco de chateação e perguntou:
- Por que nunca diz que me ama? - Ela arregalou os olhos e o olhou com extrema atenção, depois de meros minutos respondeu:
- Eu nunca falo, porém demonstro em dobro, palavras são afiadas como facas...
- ...Se fossem como plumas não nos marcariam.
- É verdade. Mas... Falando ou não, não deixarei de te olhar de maneira apaixonada, ou de me sentir realizada quando te tenho em meus braços, meu coração sempre vai palpitar por você, e quando ouvir eu falando diretamente que o amo, você terá total certeza, o que pode fazer deixar de me amar, pois vou por tudo a perder e mostrar que sou completamente sua, não tendo nada mais em mim que você possa conquistar, não quero te intediar, por tanto, fique com minhas ações, pois meu amor será sempre seu mistério particular... - Ele a olhou profundamente, e depois de minutos sorriu, abrindo os braços para que ela voltasse à seu abraço, e assim, logo, ela o fez.
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